“Yoga é a chave de ouro com a qual destrancamos a porta para a paz, tranquilidade, e alegria.”
B.K.S. Iyengar

sábado, 30 de julho de 2011

Uma visão do autoconhecimento


“A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos.”  Marcel Proust


Nunca li Proust, mas outro dia, li esta frase no livro que o meu marido está escrevendo sobre  design thinking e resolvi especular um pouco sobre ela. Não tenho a mínima idéia do que Proust pensou ao escrever isto, mas ao lê-la me ocorreu que descobrir alguma coisa não significa necessariamente que essa coisa seja nova, mas apenas que nos deparamos com algo que já estava ali e ainda não tínhamos nos apercebido dela.
Ficamos supresos, maravilhados, mas sempre esteve lá, como não vimos antes? Estávamos distraídos, ou não tínhamos a capacidade de ver?
É assim que eu entendo o autoconhecimento, nós já somos o que procuramos.
Quando Proust diz “... ter novos olhos.” , me vem imediatamente a imagem de alguém que não enxerga bem, que vê tudo embaçado, sem foco, sem definição, borrado e que acha que a vida é assim, um grande borrão. Um belo dia ele se esbarra com alguém que lhe dá um par de óculos... ao colocar os óculos, aquele borrão ganha formas definidas, ganha clareza.
A pessoa que deu os óculos podemos dizer que é o guru “aquele que dá a luz” e os óculos o conhecimento.
Para se descobrir é preciso ter olhos de uma lente grande angular, identificar o todo e depois começar a dar zoom para se reconhecer no todo.  De um modo geral, temos olhos de uma lente que está sempre no zoom, no sentido de que não vemos nada mais além de nós mesmos.  
Quando somos crianças, somos mais espontâneos, mais puros, mais próximos do nosso verdadeiro Eu. Mas à medida que vamos crescendo, vamos criando formatos de nós mesmos. Vamos sendo tolhidos e nos colocando dentro de “caixas”, criando couraças, cristalizando idéias e atitudes, adquirindo medos e preconceitos, nos afastando de quem verdadeiramente somos...  não nos reconhecemos mais, passamos a achar que somos aquilo em que nos tornamos. Ficamos cegos de nós mesmos.


Como é possível nos reencontrarmos com nós mesmos?


O yoga é um dos caminhos.


Por exemplo, as posturas invertidas nos ajudam a desenvolver uma visão do mundo sob outro prisma. Para algumas pessoas isso é assustador, enquanto que para outras isso é diversão.
A prática dos asanas (posturas) são como espelhos que refletem como somos, ou melhor dizendo, como nos tornamos.  Na medida em que vamos melhorando o nosso desesempenho nas posturas, vamos nos transformando internamente enquanto pessoas.
Mas como todo caminho, o yoga também tem a suas armadilhas... o yoga é muito poderoso e uma prática mal orientada pode desenvolver um ego muito grande. 
Devemos ser atentos em nossa prática, conscientes nas nossas ações, não executar um asana a qualquer custo, sem o cuidado e a atenção devida.  Quando agimos mecanicamente, displicentemente estamos comentendo hinsa (violência). Yoga é ahinsa (não violência).
Os benefícios da prática do yoga não são adquiridos de uma hora para outra. São alcançados e conquistados através de investimento continuado, ou seja, somente através de uma prática regular e através de muita disciplina, é que seus benefícios  –  não somente no nível físico, mas também  fisiológico, orgânico, psicológico e fundamentalmente, espiritual  –  são desfrutados.

O yoga nos ajuda a "... ter novos olhos..."

Gosto muito de uma frase de B.K.S. Iyengar, que diz, "Yoga é o espelho para olharmos para nós mesmos a partir de dentro."
E ele também diz no livro "Luz da Vida", "Você não precisa viajar a um lugar remoto para buscar a liberdade; ela habita no seu corpo, seu coração, sua mente, sua Alma. A emancipação iluminada, a liberdade, a pura e imaculada felicidade estão a sua espera, mas você precisa escolher embarcar na jornada interior para descobri-las."

Então, boa prática e divirta-se na sua viagem de descobrimento!


(Texto de Denise Resende)